17 de set. de 2009

Reflexões sobre o ensino da leitura e escrita na alfabetização


“Aprender a ler e escrever na escola deve, portanto, ser muito mais que saber uma norma ou desenvolver o domínio de uma tecnologia para usá-la nas situações em que ela se manifesta: aprender a ler e escrever significa dispor do conhecimento elaborado e poder usá-lo para participar e intervir na sociedade.”

Luiz Percival Leme Britto

Com base nos PCN, na escola uma prática de leituras intensa é necessária por muitas razões. Ela pode;

1 - Ampliar a visão de mundo e inserir o leitor na cultura letrada;

2 - Estimular o desejo de outras leituras;

3 - Permitir a compreensão do funcionamento comunicativo da escrita: escreve-se para ser lido;

4 - Expandir o conhecimento a respeito da própria leitura;

5 - Possibilitar ao leitor compreender a relação que existe entre a fala e a escrita;

6 - Favorecer a aquisição de velocidade na leitura.

O domínio e habilidades da leitura são condições essenciais para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo que aponta para uma sociedade de informação onde poucos detêm o poder de se informar. Hoje se sabe que o desenvolvimento da capacidade de ler depende em grande medida, do sentido que a leitura tem para as pessoas.

A leitura é algo complexo, no entanto de fundamental importância para a vida das pessoas, e, está presente na maioria das nossas atividades cotidianas, pois, dela necessitamos para dar conta de parte de nossas ações. É assim que a leitura acontece fora da escola: lemos para solucionar problemas práticos, para nos informar, para nos divertir, para estudar, para escrever ou revisar o próprio texto.

No mundo atual o desafio da escola é para que os alunos dominem as informações através da leitura, que estejam preparados para enfrentar a sociedade futura. Portanto, os desafios que se colocam para a escola, espaço privilegiado de desenvolvimento da competência para ler e escrever – não são poucos, pois todas as evidências têm mostrado que essa competência não depende do acesso a certas práticas convencionais de ensino da língua, mas a experiências significativas de utilização da escrita no contexto escolar, tanto em situação de leitura como de produção de textos.

Formar leitores é algo que requer condições favoráveis, não só em relação aos recursos materiais disponíveis, mas, principalmente, em relação ao uso que se faz deles nas práticas de leitura, como disponibilidade de uma biblioteca, onde o acesso ao acervo seja livre por parte dos alunos, organização do planejamento do professor para que se priorizem aulas de leitura e a escola deve criar uma política de formação de leitores.

Sem um trabalho com a diversidade textual, certamente não é possível formar leitores competentes, ou seja, pessoas que, por iniciativa própria, são capazes de selecionar, dentre os textos que circulam socialmente, aquelas que podem atender às suas necessidades e que são capazes de utilizar procedimentos adequados para ler.

A instituição escolar deve, portanto, assumir o compromisso de procurar garantir que a sala de aula seja um espaço onde cada sujeito tenha o direito à leitura – consistente e eficaz – reconhecido como legítimo. Trata-se de instaurar um espaço de reflexão em que seja possibilitado o contato efetivo de diferentes opiniões, onde a divergência seja explicitada e o conflito e também um espaço em que as leituras devam assumir caráter de intenso reforço de identidade pessoal, valorizando as escolhas dos alunos.

Indagações:

1.É possível que um professor que não tenha o gosto pela leitura consiga despertá-lo nos seus alunos?

2.Hábito da leitura é incentivo, metodologia, dom ou mera sorte?

3.Como a escola pode proporcionar momentos prazerosos de leitura sem didatizá-los?

No tocante à construção de indivíduos leitores, é indiscutível que os docentes anseiam por alunos críticos, participativos, leitores da palavra e do mundo (FREIRE, 1982, p.11).

Portanto, deve-se atentar para a prática pedagógica concernente à leitura e a alfabetização não somente como responsabilidade una do professor, mas uma responsabilidade social, com políticas públicas voltadas para a proficiência da leitura: como mola propulsora do exercício pleno da cidadania. Após um trabalho consistente e efetivo, uma mediação didática potente e consistente, embasada nos pilares éticos, estéticos e acadêmicos, o processo de alfabetização e letramento serão alcançados paulatina e concomitantemente.

Dessa maneira, a alfabetização e a leitura vão servir não somente como mecanismo de aquisição de conhecimento socialmente elaborado, mas como um instrumento vivo e eficaz, que serve como potencialização e exercício da cidadania, e que deve estar a serviço de todas as crianças.

http://webartigos.com "Alfabetização, intervenção didática e letramento: uma tríplice possível?

No l Simpósio em Alfabetização Leitura e escrita do Espírito Santo, num debate sobre A constituição do leitor na alfabetização, Percival de Britto enfatizou que a escola não tem que ficar preocupada em despertar o gosto pela leitura, uma vez que, a aprendizagem da leitura e escrita é compromisso dos sistemas de ensino. Para ele, o aluno não precisa necessariamente gostar de ler ou escrever e, sim aprender a ler e escrever. Dessa forma ele será levado a ler em todas as áreas do conhecimento. Caberá ao professor, portanto, conduzir o processo de aprendizagem da leitura possibilitando ao aluno permear pelo caminho da literatura, para tanto o professor tem que gostar de ler e fazê-lo com proficiência.

Em relação a expressão "leitura de mundo" citada por Paulo Freire, Britto diz que são errôneas as interpretações que consideram que observar ambientes, imagens, e outros, é o mesmo que fazer uma "leitura". Para ele, os termos "leitura de imagens", "leitura de mundo", podem ser usados desde que não sejam vistos, ao pé da letra, como "Leitura".

Referências:

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília, 1997.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. 6ª ed., São Paulo: Editora Scipione, 1994.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 4ª ed., São Paulo: Cortez – Autores Associados, 1987.

______________________Com todas as letras. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1993.

FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Porto Alegre: ARTMED, 1999.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: um tema em três artigos. 44ª ed. São Paulo: Cortez, 1982.

______________________ Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.

KLEIMAN, Ângela B. Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes de projetos da escola.Campinas, SP: Mercado das Letras, 1999.

MORAES et al. Sociologia. In: BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica – SEB, Departamento de Políticas de Ensino Médio. Orientações Curriculares do Ensino Médio. Brasília, 2004.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ARTMED, 1998.



3 comentários:

Joyce Pianchão disse...

Olá, amigas! Muito me interessa esse tema, pois é o nosso objetivo primordial "A leitura e a escrita na alfabetização". Vou divulgar em meu blog, ok? Abraço, joyce.

Joyce Pianchão disse...

Olá! Tem um selinho show para vocês em meu blog. Abraço, Joyce.

Teresa Rodrigues disse...

Oi! Passei para desejar Bom fim de semana e avisar vc que seguia meu blogTurma 4D que agora tenho novo blog com novos alunos em http://www.escolinhaabrincar.blogsopt.com. Bjs Teresa